sábado, 26 de maio de 2012

A hora em que o sino toca


 - Sabe Sarah, você é a mais bonita da sala.
 - Mas é como eu te disse, se você quer sonhar com alguma coisa, é só você ir dormir pensando nela o tempo todo.

Era tipo requisito. Everson era bom nisso. Buscar garota na porta da escola. No caminho de volta tentar conquistá-la. Sarah queria ser valorizada, moça nova já querendo ser consagrada. Ele, o desbravador. Ela, a terra não conquistada.

O intento renderia a ele uma maria-mole cor-de-ouro no bar mais nobre, então mais frequentado. Uma proeza para seu reinado.

Sarah fez as honras, foi diplomática. Ele foi logo mostrando seu bloco econômico e ela de cara aderiu ao livre comércio.

No dia seguinte, a primeira dama oficial esbravejou. Na casa branca, no lençol branco não, meu amor. Aquilo não era sangue de moça, Everson argumentou. Que deu um chute na parede enquanto dormia, o dedo até quebrou.

Mas no hospital, em vez de engessar, o médico sentenciou: o Sr. é HIV positivo.

Everson despertou.

Nenhum comentário :